Já levantamento feito por um jornal especializado no assunto, revela um dado ainda mais assustador. No total, até o último mês de setembro, são 43 mortes relacionadas ao futebol. E, nesse ranking, Goiás aparece em segundo lugar, com nove óbitos, atrás apenas do Ceará, onde 11 pessoas foram vítimas desse tipo de violência.
Apesar de os números de 2012 estarem em evidência pela quantidade, essa violência não é recente e, pior, cresce ano a ano. Na 1ª e 2ª varas criminais de Goiânia, por exemplo, tramitam 11 processos que envolvem casos dessa natureza registrados desde 1998. O juiz Jesseir Coelho de Alcântara ressalta que o aumento na quantidade de mortes demonstra que a rivalidade está deixando os gramados, onde é saudável, para interferir na vida das pessoas, causando tragédias. “E Isso é inconcebível", observa.
O magistrado diz que a violência não tem acontecido dentro dos estádios, onde a segurança é efetiva. Mas, sim, em áreas periféricas, em locais muito frequentados pelos torcedores ou mesmo no caminho usado para voltar para casa após os jogos de seu time. Além disso, ele lembra que, quando morre um torcedor, os amigos dele ou mesmo pessoas que integram a torcida organizada já avisam que haverá retaliações. "Isso é sinônimo de revanche, sinalizando que outras mortes ocorrerão."
O sociólogo Mauricio Murad declara em entrevistas que é surpreendente que tanto Goiás como o Ceará apresentem o quadro mais preocupante. Isso porque, segundo diz, imagina-se que a violência é mais forte em Estados com mais torcida, onde o futebol é mais competitivo e importante no sentido de impacto que ele provoca na vida coletiva, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Apesar disso, Murad diz que a violência no futebol é expressão da violência geral na sociedade brasileira, fato que explicaria essa onda de brutalidade ligada ao esporte em Goiás. Ele conta que, quando estudou dados da violência em geral no país, viu que tanto em Goiânia quanto em Fortaleza (capitais onde há mais registros) a violência avançou muito. “E eu acho que o que a gente conseguir conter e coibir de violência no futebol vai ser um benéfico à sociedade como um todo”, disse.
PREOCUPANTE
Murad salienta que, apesar de o aumento ser extremamente preocupante, não há de fato um plano, uma ação, nem mesmo vontade política por parte das autoridades no sentido de coibir o horror que é a violência em torno do futebol. “E mais preocupante do que esse aumento da violência, é a inoperância das autoridades públicas. Não é nenhum favor enfrentar esse problema, é uma obrigação constitucional”, acredita. No estudo, que resultou no livro Para entender a violência no futebol, ele sugere livro um processo que combine punição, prevenção e reeducação.
JOVEM MORTA
Entre os crimes relacionados às rixas do futebol ganhou muito destaque a morte da jovem Pâmella Munike. Torcedora do Goiás Esporte Clçube, em foi assassinada em novembro de 2011, por um integrante da torcida organizada Sangue Colorado, do Vila Nova. Ela foi morta ao sair de uma festa realizada na região da Vila Canaã. Ela estava acompanhada do namorado e de um primo e morreu no local, com um único tiro, na cabeça. O acusado crime é Ricardo de Araújo Teixeira, que já foi ouvidor pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, que o mandou a júri popular. A decisão do magistrado foi mantida pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás. A sessão, no entanto, ainda não foi marcada.
by: Rota Jurídica
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